quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sentimento

Eu disse... bem baixinho, mas disse...
O corpo às vezes trai nossos pensamentos.
Principalmente quando ele(o pensamento) tem medo.
É...
sentir e pensar é tão diferente...

É tão mais cômodo só sentir.
Viver, morrer e reviver sem nem perceber.

Ou ainda,
é tão fácil agir apenas conforme nossos princípios...

Mas sensações e pensamentos não regem uma vida.

Eu disse.
Senti, pensei, tive medo, mas disse.

Se só sentisse, teria dito em qualquer momento.
Se só pensasse, não teria dito.

Mas senti e pensei.

Não foi sensação... Não foi pensamento...
Eu disse bem baixinho...
tanto que tive de repetir...

E a repetição me deu certeza:
É sentimento.
06/10/2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pode Ser


Pedro Mariano
Composição: Jorge Vercilo

Já me acostumei com a insegurança
De quem não quer sofrer
A paixão certeira que nos alcança
Quem poderá prever

A profundidade e o envolvimento
Não dá pra controlar
A longevidade do sentimento
Só o tempo dirá

Pode ser
Uma nova ilusão
Pode ser
Esse meu coração
Ou será o amor, ou será

Quando a tua boca me rouba um beijo
Sinto meu chão rachar
Amo teus contornos, em ti me vejo
Dentro do teu olhar

Mas bem lá no fundo me bate um medo
Medo de me entregar
Quase todo mundo tem um segredo
Me ajuda a desvendar



Essa Música sem dúvidas traduz o momento.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

VELÓRIOS




A lágrima que caia dos seus olhos naquele momento já não era tão “viva” como as lágrimas que escorreram sobre sua face durante toda sua vida.
A paixão sempre foi um problema para Laura, mas nunca pensou que fosse ser tão perigoso se encantar, nem que demoraria tanto tempo pra perceber as qualidades de alguém. Alguém que nesse caso era Jéferson, seu primo.
Encontra-lo agora, digo, a poucos minutos, fez relembrar tudo, mas pra quê relembrar? Já não existe mais nada! Ou pelo menos foi o que ela disse a Jéferson no dia do seu casamento. Disse-lhe tudo! Tudo mentira, é verdade, mas lhe disse tudo. Não podia, dessa maneira, trair!
Jéferson casou cedo, as crianças adoravam Laura. Chamavam-lhe de tia! Não. Definitivamente não podia. E... primo com primo... isso não dá certo!
Mas hoje... logo hoje! Talvez fosse mesmo o melhor dia para reencontrá-lo e enterrar, com seja lá quem for que estiver naquele caixão, essa história. Ela era feliz. Sempre foi. Fez sempre o que quis e não era uma paixãozinha qualquer que a impediria, nesse momento, de fazer o que achava melhor.
Não olhou. Fingiu não vê-lo. Mesmo assim percebeu sua tristeza quando olhava escondido para ninguém ver. Pai é um só, né? Já se preparava para quando fosse a sua vez... Lembrou o quanto ele apoiava a união dos dois. Em qualquer reunião familiar, o tio deixava claro que Laura seria a nora perfeita pra ele. Citava todos os seu predicados e alertava o filho: “Jéferson... abra o olho! Olhe a garota maravilhosa que ta sentada do seu lado!”. Riamos e o assunto morria. Todos já estavam acostumados com as brincadeiras do tio Ricardo. Nesse caso não era brincadeira, mas como só ele e a tia Dalva sabiam, o comentário soava como gozação. Eles eram muito discretos e até hoje ninguém sabia.
O silêncio era o amigo mais presente no ambiente. Em certos momentos era tanto que nem os soluços da viúva eram ouvidos. E. Em meio a inúmeros olhares escondidos, eis que acontece um encontro. E agora? Conseguia fingir tudo, mas naquele momento.... Era impossível! Foram necessários milésimos de segundos para que tivesse certeza que ele lia sua alma e sabia das mentiras, dos fingimentos, tudo! Sentia também algo diferente em seu olhar. Revolta? É... os olhos fixos nela... parecia revolta... mas por quê? Foi acidente!
Viu ele se aproximar e, por um momento, parou de sentir o pulsar do seu coração. Seu corpo tremia tanto que pulsação e tremor se misturaram, já não tinha como distinguir. Jéferson agarrou seu braço como se fosse a única coisa que desejasse na face da Terra. E era. Laura não sabia o que pensar, que satisfação dar a seu marido que olhava intrigado o acontecimento. Viu também sua tia, cúmplice do amor dos dois, que fitava a situação com os olhos arregalados. Ele nunca a tratou dessa maneira! E. longe daquele silêncio, o ouviu dizer tudo o que queria dizer, chorar, pedir, sorrir (?)... enlouquecer! Constatou que não era revolta o que tinha visto em seus olhos, era ódio, loucura!
Braços e mãos se fundiram num misto de pavor, confusão, amor... até sentir que não podia mais mexe-los- estavam presos.
Ouviu palavras que soaram como despedida... e um estampido. Sentiu essa lágrima morta, e, antes de tudo se apagar, ouviu outro estampido. E viu a lágrima morta de Jéferson...


Elaine Santana
31/08/05

O LUGAR DO SORRISO




Na fome de novas
O menino sorri
Embalado com alegria
Frente ao buraco invisível no chão

É mais um menino sorrindo.
Vivendo, sentindo.
Respirando fumaça proibida...

— É tarde menino!
— Vai dormir criança!

Não se perca na ilusão da infância.

Mas agradeça a cegueira
Temporária
Que te deixa sorrir
ainda]

Porque amanhã
A fome de novas
De vida,
de brilho,
de lágrimas,
olhos...
Vai te curar e desejará se cegar outra vez

Verás
Que num mundo de meninos
Não cabe um sorriso pequenino.
E quem é que sabe onde cabe?
Abaixo do buraco?
?
Acima do céu cinzento
?

Onde será que cabe o sorriso do menino?




Elaine Santana
24/01/07

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

As sempre-vivas também morrem.




Choro a morte de uma flor.
A mais perfumada
A mais bela
A mais terrível flor.

Choro a morte desta flor.
Morre uma história
Morre um amor
Morre, meu bem, morre!

É felicidade e dor
É surpresa e satisfação
É fato.

Morre, meu bem...
Morre a morte mais esperada
E a mais doída.

Acabou.

ELAINE SANTANA
30/10/2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ray



Dentro de uma gébera
Habitam outras flores
Seu miolo se desdobra em flores
Amores

Dentro de uma gérbera
Habitam tantas flores...
Minúsculas e definidas flores
Cores

Dentro desta gérbera
Brotam inúmeras flores
Quase imperceptíveis flores

Uma infinidade
Reencarnação?
O amor de Deus...


Elaine Santana
20/04/2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tudo pronto



Limpei os batons sujos de pó compacto.
Os pinceis,
Lavei as Esponjas.

Destroquei as tampas de pó e pancake.
Das tintas,
Lavei as meias.

Os vestidos,
As capas,
As fitas e os sapatos.



Está tudo estendido e secando.
Está tudo pronto.
Pra que eu continue...


Elaine Santana
18/06/08